De "ICE Linhas Aéreas" à triplo de agentes nas ruas: por que o pior ainda está por vir para imigrantes indocumentados
- Heddy Patrick Alves Garcia
- há 7 horas
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Nos últimos meses, sinais claros vindos de Washington indicam que 2026 será um ano mais duro para imigrantes indocumentados nos Estados Unidos.
Mudanças na estrutura do governo federal, no orçamento e na forma como as deportações são realizadas apontam para um cenário de fiscalização mais intensa, mais prisões e processos de deportação mais rápidos — e, ao mesmo tempo, mais longos e desgastantes para quem fica detido.
Um dos símbolos dessa nova fase é a decisão do Departamento de Segurança Interna (DHS) de investir em aviões próprios para deportações.
Em vez de depender apenas de empresas terceirizadas, o governo passa a operar aeronaves dedicadas exclusivamente a remover pessoas do país. Na prática, isso significa mais controle sobre os voos, menos atrasos logísticos e maior capacidade mensal de deportações.
Ao mesmo tempo, os planos orçamentários mostram continuidade e fortalecimento da estrutura de fiscalização.
$34 BILHÕES SOMENTE PARA O ICE/CBP EM 2026
Em relação aos recursos financeiros, os dados orçamentários indicam que, em 2026, o governo federal terá dezenas de bilhões de dólares disponíveis para ações de imigração e fiscalização.
O orçamento regular prevê cerca de US$ 11,3 bilhões para o ICE e aproximadamente US$ 23 bilhões para a CBP, sem contar eventuais recursos suplementares aprovados pelo Congresso.
Na prática, isso significa mais de US$ 34 bilhões destinados diretamente à detenção, fiscalização, prisões, deportações, contratação de pessoal, manutenção de centros de detenção e logística de remoção, incluindo voos de deportação.
Esse volume de recursos reforça a capacidade operacional do governo e sustenta um cenário de aplicação mais intensa e contínua das leis migratórias ao longo de 2026.
MAIS DINHEIRO E MAIS AGENTES NAS RUAS

Isso se traduz em mais agentes do ICE e da Patrulha de Fronteira em atividade, mais operações de busca e prisão e maior capacidade de manter pessoas detidas por longos períodos.
Para o imigrante indocumentado, o impacto concreto dessas mudanças é direto. A prioridade declarada continua sendo pessoas com ordens finais de deportação e com antecedentes criminais.
Em termos de presença nas ruas, os documentos orçamentários federais indicam que, em 2026, o governo pretende financiar aproximadamente 21.800 posições no ICE e cerca de 69.800 posições na Customs and Border Protection (CBP), que inclui a Patrulha de Fronteira.
Nem todos esses profissionais atuam diretamente em prisões ou operações de rua — muitos exercem funções administrativas, de custódia, investigação ou logística —, mas esses números dão a dimensão do aparato disponível.
Na prática, isso significa dezenas de milhares de agentes federais ligados à fiscalização migratória em atividade no país, com capacidade ampliada para operações, prisões e manutenção de pessoas em detenção ao longo de 2026.
Isso indica um aumento no número de prisões direcionadas a esse público. No entanto, a experiência mostra que operações mais amplas acabam afetando também famílias mistas, trabalhadores sem histórico criminal e pessoas que vivem há anos nos Estados Unidos.
Outro ponto crítico é o sistema de detenção. Com mais prisões e mais voos disponíveis para deportação, cresce também o número de pessoas que passam semanas ou meses presas aguardando remoção.
Muitos ficam longe da família, do trabalho e sem acesso adequado a apoio jurídico. O estresse emocional, o impacto financeiro e o trauma para crianças e cônjuges são consequências frequentes desse processo.
EM 2026 A EXPECTATIVA É DE MAIOR REPRESSÃO
É importante dizer de forma clara: 2026 não aponta para alívio. Pelo contrário. A combinação de aeronaves próprias para deportação, mais agentes em campo e um sistema mais estruturado para remover pessoas do país indica um ambiente ainda mais hostil para quem vive sem status legal.
Diante desse cenário, famílias que não possuem nenhum caminho legal para permanecer nos Estados Unidos precisam refletir com muita seriedade sobre os riscos.
A possibilidade de uma prisão repentina, a separação familiar, a detenção prolongada e o impacto na saúde mental são fatores reais e cada vez mais presentes. Não se trata de gerar pânico, mas de promover informação e consciência.
A EMBRACE reforça que informação é uma forma de proteção. Entender o contexto, buscar orientação confiável e avaliar decisões com clareza pode fazer a diferença em um momento em que o sistema caminha para ser mais rígido e menos tolerante.
Em tempos difíceis, planejar e se informar é essencial para proteger a si mesmo e à família.




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